O filme “Meu Tio”, de Jacques Tati (1958) é um gracioso convite à reflexão sobre a modernidade do capital. O processo de desenvolvimento do capital é intrinsecamente contraditório – é isto que Tati nos sugere. Em “Meu Tio”, a dialética lírica entre Tradição e Modernidade é flagrante. Tati consegue apreender, com sutileza, um dos traços marcantes da alta-modernidade, em sua etapa desenvolvida: sua transitividade, isto é, a coexistência e convivência de elementos pré-capitalistas, da tradição artesanal, de modos de vida tradicionais, no bojo da modernidade expansiva do capital. Deste modo, em Meu Tio, de Jacques Tati, não só é possível apreender a coexistência tensa entre o moderno e a tradição, mas a sua convivência e transitividade, mesmo que reconheçamos o avanço irremediável da modernidade-máquina. Enfim, em Jacque Tati a modernidade propriamente dita, ou a segunda modernidade, como temos salientado, é intrinsecamente transitiva. Como diz um dos personagens de Meu Tio – “É moderno. Tudo comunica.” Na verdade, o filme de Jacques Tati, é um ótimo exercício para apreender o sentido complexo da modernidade burguesa, no ápice de seu desenvolvimento, da fase de ascensão histórica do capital. É, com certeza, o último momento do projeto civilizatório da modernidade-mundo.
Informações adicionais
Autor |
Giovanni Alves |
Acabamento |
CD-Rom |
ISBN |
978-85-7917-144-4 |
Ano de Publicação |
2010 |
Edição |
1 |
Sobre o autor |
Professor livre-docente de sociologia da UNESP - Campus de Marília, pesquisador do CNPq. Líder do Grupo de Pesquisa “Estudos da Globalização”, coordenador-geral da Rede de Estudo do Trabalho (www.estudosdotrabalho.org), projeto “Núcleo de Estudos da Globalização” (http://globalization.cjb.net) e do projeto de Extensão Tela Crítica (www.telacritica.org) |